Foi sancionada a lei Lei 15.176, de 2025, que reconhece pessoas com fibromialgia como pessoas com deficiência (PcD). A proposta representa um avanço importante na garantia de direitos, inclusão e acesso a políticas públicas específicas para quem convive com essa condição. A lei estipula diretrizes para o Sistema Único de Saúde (SUS) realizar tratamento de pessoas com síndromes de fibromialgia, da fadiga crônica e de dor regional, que são doenças correlatas.
“Isso é um marco para nós e um marco para a história. É um grande avanço. Isso significa que agora a gente está saindo do buraco, está indo de encontro à luz.. A gente vai ter médicos capacitados que realmente entendem a fibromialgia, vamos ter acesso a uma equipe multidisciplinar, a um tratamento mais direcionado, um olhar com muito mais carinho. Fico muito feliz porque faço parte dessa luta. É nossa. Eu brigo toda semana no aeroporto por causa da fibromialgia, dessa coisa invisível que as pessoas não veem, desse julgamento, das críticas que a gente recebe”, diz a atriz e ativista da causa Franciely Freduzeski, ganhadora da recebeu a Medalha Chiquinha Gonzaga, a maior honraria concedida a mulheres no Rio de Janeiro, em reconhecimento à sua luta e trabalho de sensibilização.
A fibromialgia é uma síndrome crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo, provocando dores intensas e difusas pelo corpo, especialmente nas articulações e músculos. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia afeta principalmente mulheres entre 30 e 60 anos, mas também pode atingir homens, idosos, adolescentes e até crianças. Os sintomas incluem dor crônica, fadiga, distúrbios do sono, alterações de humor e dificuldades cognitivas. O diagnóstico é clínico e exige atenção especializada, já que não há exames laboratoriais específicos para detectar a doença. Embora não tenha cura, é possível conviver com a doença por meio de acompanhamento médico e cuidados multidisciplinares.
A artista foi diagnosticada com a síndrome em 2022 após passar por mais de 25 médicos e enfrentar uma longa jornada de incertezas. As dores constantes a impediram de manter compromissos profissionais e afetaram profundamente sua rotina pessoal. Atividades simples como caminhar, sair com os cachorros ou praticar esportes tornaram-se difíceis. A condição também impactou sua saúde emocional, levando à depressão e baixa autoestima.
“Não aceitava como eu estava. Sempre fui extremamente saudável, ativa. Do nada, me vi doente. Corria na areia, era rata de academia, depois não conseguia passear com meus cachorros. Me sentia muito culpada, inútil, um peso na vida das pessoas”, comenta a artista.
Com o tempo, Franciely aprendeu a lidar com os gatilhos da dor e passou a ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar. Hoje, mesmo convivendo com a síndrome, conseguiu retomar sua rotina e tem se dedicado à conscientização sobre a fibromialgia.
“Tive que aprender os gatilhos que causavam a dor: onde deitar, como, até o jeito de amarrar o biquíni tive que mudar. Depois que passei a entendê-la. Com o tratamento e muita resiliência, fui encarando a doença. Não fui tendo mais medo dela”, explica.