O jazz é sem sombra de dúvida um estilo musical que fascina e toma de assalto o coração de que lhe é apresentado . O gênero pra lá de centenário vem arrebatando gerações e gerações que buscam por novas experiências musicais que lhes transcenda o sentimentos, tirando-os da curvado senso comum mercadológico.
Deixarei aqui uma lista de 7 álbuns imprescindíveis para quem deseja se aprofundar no lendário e inconfundível estilo criado por escravos oriundos da África nos campos de trabalho em Nova Orleans .
1 – Time Out – The Dave Brubeck Quartet (1959)
Lançado pela Columbia Records, é considerado o disco de maior sucesso do famoso pianista liderando seu quarteto. Com 7 faixas, a sessão já começa com a eloquente “Blue Rondo à la Turk“, cheia de frases marcantes do saxofonista Paul Desmond, e também traz a faixa “Take Five” – maior responsável pela explosão nas paradas da época e sendo imortalizada como um dos maiores hits do jazz em todos os tempos.
2 – Chet Baker In Tokyo (1987)
Um registro ao vivo do icônico trompetista e cantor já em seus últimos meses de vida. Tracks como a soturna “Alone Together“, “Stella By Starlight” e “Almos Blue” ditam o ritmo da lendária apresentação na capital japonesa; além da melhor versão de todas (em minha opinião) da belíssima “My Funny Valentine“,com direito a simulacros de frases de trompete pela doce voz de Chet.
3 – “Mingus Ah Um” – Charles Mingus (1959)
Incluído no Grammy Hall of Fame em 2013, “Mingus Ah Um” foi o primeiro trabalho do influente baixista pela Columbia Records. Algumas de suas composições mais famosas encontram-se neste disco: “Better Get It In Your Soul”, a incrível “Goodbye Pork Pie Hat” (em homenagem a Lester Young) e “Fables of Faubus” – um contundente recado de revolta ao governador do Arkansas (Orval E. Faubus, conhecido por medidas racistas nos anos 50), que teve letra censurada pela gravadora.. Um álbum sobre tudo histórico, não apenas pelas brilhantes composições e performance dos músicos, mas também por todo o contexto ideológico envolvido.
4 – “A Love Supreme” – John Coltrane (1965)
Impossível ser inserido ao estilo jazz sem antes se informar sobre quem foi e o tamanho de John Coltrane. Uma das figuras mais icônicas e influentes do gênero. O nome dessa lenda é tão respeitado que chegou-se a fundar uma igreja em sua devoção. A Igreja Ortodoxa Africana Santo John Coltrane (Saint John Coltrane African Orthodox Church) fica em Los Angeles e tem meio século de existência, cultuando a obra de seu santo, o grande saxofonista. Seu álbum recomendado aqui é um dos mais aclamados e premiados da história. Já abre com a faixa “Acknowledgement“, e daí em diante é só ‘tiro’ no coração do ouvinte.
5 – “Kind Of Blue” – Miles Davis (1959)
Considerado por muitos como a obra prima de Miles, o álbum foi mais um grande lançamento da Columbia e traz apenas quatro faixas “Freddie Freeloader“, “Blue in Green” , “All Blues” e é claro, o hit “So What“. Com arranjos do pianista Bill Evans e clássico sagrado da lendária parceria Miles/Coltrane, este é um disco bastante introspectivo e é considerado a própria síntese do cool jazz.
6 – “Misterioso” – Thelonious Monk (1958)
Álbum ao vivo de 1958 da lenda Thelonious Monk junto a seu quarteto . Ainda superando dificuldades na vida pessoal, Monk alcançava o meianstream em sua residência no Five Spot Café de Nova York , em meados de 1957. Em 1958, na segunda passagem com o Thelonious Monk Quartet, estrelando o baixista Ahmed Abdul-Malik e o baterista Roy Haynes, além do saxofonista tenor Johnny Griffin . , Misterioso captura partes dessa apresentação, em 7 de agosto na casa. Entre as faixas podemos destacar “In Walked Bud“, “Let’s Cool One“, a alegre e deliciosa ‘Nutty“, além de seu solo “Just a Gigolo“
7 – “Red Clay” – Freddie Hubbard (1970)
O álbum que definiria novos rumos como band leader na carreira do proeminente trompetista. Lançado pelo selo CTI, de Creed Taylor, a sessão traz 4 faixas (duas em cada lado do lp) com uma notável influência da soul music. Abrindo coma faixa título, o disco já mostra a que vem, fechando o lado A com a incrível balada “Delphia“. A acelerada “Suite Sioux” abre o lado B, e fechando com a imensa (porém longe de ser cansativa) “The Intrepid Fox“. Particularmente, ouço esse clássico no mínimo uma vez por semana e recomendo demais.
Espero que a aproveitem a dica e a experiência.
Até.
Texto e pesquisa: Salvador Razogh