Já escutou aquela frase “Eu sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”?
É uma das minhas favoritas. Por quê?
É através de uma livraria que eu posso caminhar entre capítulos de um romance de época, ter ideias mirabolantes com páginas de negócios ou ser uma “mosquinha” para saber mais sobre a realeza ou um ícone dos anos 80. Mas além de folhear livros e ter noção de que obra não falta nessa vida, a gente se depara com cenas fora das premissas escritas.
A seção infantil é pura nostalgia e muito esperançosa! Lembrar de livros que marcaram a minha infância e repassar para frente esse hábito da leitura é incrível. E, sim, eu sou a tia que só dá livro de presente (risos). Agora escutar uma criança falando que “finalmente achou o livro do autor que gosta” e ver uma mãe incentivando o seu filho a ler, me dá a sensação de que esse mundo ainda tem jeito sim!
Também amo olhar cada detalhe de cada canto desse tipo de lugar. Como eles arrumam, as obras escolhidas para as seções especiais em homenagem a uma data comemorativa. Aliás, já parou para pensar que não existe lugar mais versátil e que entende, de fato, sobre igualdade e respeita as diferenças de cada leitor?
Confesso que, às vezes, eu dou uns palpites se sinto abertura para isso. Indico, converso, mesmo sendo tímida quando não conheço a pessoa. A livraria me torna uma pessoa mais extrovertida. É a minha segunda casa e sempre que posso estou lá. Afinal, nunca se sabe quando uma boa história pode chegar.
E uma informação importante: nem sempre saio com uma compra no final, mas sempre saio com boas memórias para recordar. Falando nisso, faço uma lista de cada livro que chamou a minha atenção. Penso em qual posso ler na minha zona de conforto literária ou qual pode me tirar dela. Faço unidunitê para ver qual vou levar e qual eu passo para buscar depois.
Por fim, gosto das possibilidades que uma livraria tende a proporcionar. Tanta coisa pode acontecer por lá. Um encontro por acaso, um passeio com a família, noite de autógrafos, conversas com livreiros, ideias e inspirações para escrever e viver.
E já pensou que esse local é perfeito para alimentar o hábito da leitura, voltar com ele ou criá-lo de uma vez por todas?
Eu sei que com a Internet, as livrarias, aos poucos, estão sumindo. Mas não deixe de ir e nem isso acontecer. Seria uma perda insubstituível. Vá naquela famosa ou na do seu bairro, que nunca ninguém dá nada por ela. Abra a porta, conheça, admire, compre ou repare nos mínimos detalhes. Seja de passagem ou um visitante assíduo. Está triste? Entre em uma. Está feliz? Entre também e depois me conta.
O escritor Jorge Luis Borges é o autor do pensamento (“Eu sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”) que começou essa coluna. E eu, uma mera leitora, assino embaixo, mas com mais afinco: é o melhor paraíso que podemos ter e que tenhamos eternamente. 🙂